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Reprodução / Warner Bros |
Lançado há quase dois meses, "Coringa" foi o filme de maior bilheteria da Warner Bros, arrecadando cerca de US$ 1 bilhão na bilheteria mundial. A adaptação do filme e do personagem foi comandada pelo diretor Todd Phillips, que buscou retratar o desenvolvimento da insanidade do famoso vilão de Batman. Violência, mortes, terror psicológico e perturbador, foram algumas das intitulações dadas ao filme que renderam longas discussões na internet sobre como o palhaço mais famoso do cinema age em seu filme.
Buscando retratar a história do coringa, o filme traz ao espectador cenas fortes durante todo o longa. Após milhares de opiniões sobre o filme e a sua relação com a saúde mental, convidamos a psicóloga Michele Parente para bater um papo sobre o filme.
Bom, Michele, como mostramos a você, desde o lançamento do filme muitas discussões na internet envolvendo as características do personagem com a saúde mental passaram a ser discutidas. Com um olhar de uma profissional, o que podemos entender dessa relação?
Decidi assistir ao filme assim que as discussões na internet sobre a ligação do personagem com a saúde mental, acabei assistindo duas vezes, a primeira fui para entender a razão dessa comparação, na segunda fui para avaliar o personagem em si. O personagem coringa retrata alguns transtornos mentais e um deles que é citado no filme é o fato do personagem nunca conseguir controlar sua risada, que muitas das vezes é de causa natural e relacionando ao personagem podemos dizer isso pode levar a um possível distúrbio de personalidade, como a sociopatia e psicopatia, que são bem característicos do personagem.
Esse tipo de risada incontrolável, é preciso ser avaliado, já que a muitas pessoas não sabem lidar com situações de conflito ou que se sintam inseguras. Muitas das vezes é possível tratar ou até mesmo sumir ou desaparecer com o tempo de acordo com que o paciente vai lidando com a situação.
O personagem sempre buscava sempre manter um sorriso no rosto, uma exigência imposta por sua mãe ainda quando era criança. E atualmente vemos muito jovens na busca de uma uma geração que busca incessantemente a positividade, até que ponto essa busca pode ser um problema?
Pois é, o personagem acreditava que precisava sempre ter o sorriso no rosto e levar a risada a quem fosse. Mas essa busca incessante por um estado de espírito e de controle das próprias emoções pode se uma escapatória. Pessoas extremamente feliz podem estar desenvolvendo um a um oposto diametral da depressão, estar sempre feliz e a busca incessante por essa felicidade pode ocasionar muitos problemas, e como tanto no filme quanto na vida real as nossas ações e o que recebemos em troca nem sempre são as mesma isso pode levar qualquer pessoa a um ponto de ruptura assim como levou ao personagem.
O que seria esse ponto de ruptura?
Esse ponto de ruptura é retratado no filme da forma mais real possível, mostrando o estresse e o conflito que todos nós vivemos diariamente. Esse ponto de ruptura pode ser diferente para mim e para você, cada pessoa acumula um nível de sofrimento, de como cada um investe o seu emocional. Mas caso essa psicopatia exista e não seja tratada, assim como no personagem, não importa se investiríamos amor ou não, o Coringa existiria independentemente disso.
Sobre o filme, o que podemos avaliar? As pessoas devem assistir?
O filme do coringa possui cenas muito fortes, mostra como a não atenção a saúde mental seja ela a depressão ou até mesmo a psicopatia podem acarretar danos não apenas individual, mas coletivo. Falar sobre essas questões nos dias atuais é de extrema importância, pois a saúde mental está cada vez mais frágil.
Como psicóloga, recomendo que você não assista ao filme caso possua algum transtorno psicológico ou não se encontra bem emocionalmente. Conhecer o seu limite é o primordial. Se houver nenhuma questão que o impeça e não te faça ficar abalado emocionalmente e psicologicamente, o "Coringa" é um filme surpreendente até mesmo por retratar assuntos da forma mais real, mas sempre conheça os seus limites.
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